Culinária típica da fronteira Brasil-Paraguai: o reconhecimento da chipa como patrimônio alimentar
DOI:
https://doi.org/10.20435/inter.v23i3.3695Palavras-chave:
culinária, fronteira, turismo, renda, patrimônio alimentarResumo
O objetivo do artigo é compreender aspectos teóricos e culturais relacionados à culinária típica da fronteira Brasil-Paraguai a partir da análise da chipa como elemento alternativo à geração de renda e como potencial para indicação geográfica, no fortalecimento do turismo local. A metodologia avaliou uma amostra por adesão de 4 (quatro) Ñas tradicionais da região, vendedoras e produtoras das chipas artesanais, mapeadas a partir das observações de campo e do conhecimento tácito das pesquisadoras. Para a análise, foram consideradas as teorias econômicas, indicação geográfica e patrimônio alimentar. Os resultados evidenciaram que o nível de diferenciação e os canais de comercialização utilizados são fatores que interferem na criação e distribuição do valor agregado do produto no processo artesanal da produção da chipa. Foi possível concluir que a tipicidade da culinária regional, quando preservada e valorizada pela população local, é um elemento importante para a geração de renda, a partir do que orientam as referências sobre indicação geográfica e patrimônio cultural.
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