A política nacional de agroecologia e produção orgânica e sua execução em três tempos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/inter.v26i1.4375

Palavras-chave:

políticas públicas, agricultura sustentável, desenvolvimento rural

Resumo

O presente estudo analisa o percurso de execução da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) no recorte temporal de dez anos, de 2012 a 2022. Em termos de arcabouço metodológico, optou-se pela realização de uma pesquisa documental, de abordagem qualitativa, focado na análise de conteúdo de relatórios técnicos, documentos oficiais e dados governamentais sobre as políticas agroecológicas brasileiras. A execução dos Planos Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO I e II) foi diretamente impactada pela mudança de gestão em 2016, quando os investimentos foram diminuídos e os esforços para a execução das metas da segunda edição deste plano descontinuados. Na gestão anterior, sob o governo de Bolsonaro, além da terminologia Agroecologia ter saído da pasta, o investimento para a agricultura sustentável no plano plurianual foi irrisório, comparado a outras gestões. Não houve esforços significativos para a criação do PLANAPO III e os impactos nas políticas agroecológicas assemelham-se aos sofridos pelas demais políticas para a agricultura familiar. Conclui-se que, durante os três tempos de atuação da PNAPO, é possível perceber a influência do modelo de gestão no sucesso ou enfraquecimento de uma pauta política.

Biografia do Autor

Cícera Mônica da Silva Sousa Martins , Universidade Federal do Ceará (UFCA)

Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Bolsista FUNCAP. Mestre em Psicologia pela UFC. Especialista em Políticas Públicas em Saúde Coletiva pela Universidade Regional do Cariri (URCA).  Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela Anhanguera Educacional. Graduada em Psicologia pela Faculdade Leão Sampaio. Está vinculada a dois núcleos de pesquisa: o Laboratório Interdisciplinar de Estudos em Gestão Social (LIEGS-UFCA) e o Laboratório de Psicologia Ambiental (LOCUS-UFC). Membro da Red Latinoamericana de Psicología Rural.

Filipe Augusto Xavier Lima, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Doutor em Extensão Rural pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com estágio de doutorado sanduíche no exterior, no Máster en Agroecología: un Enfoque para la Sustentabilidad Rural, na Universidad Internacional de Andalucía (UNIA-España), e no Instituto de Sociología y Estudios Campesinos (ISEC), na Universidad de Córdoba (UCO-España). Mestrado em Extensão Rural e Desenvolvimento Local (Departamento de Educação) pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Licenciatura em Ciências Agrícolas pela UFRPE. Professor na área de Extensão e Desenvolvimento Rural, vinculado ao Departamento de Economia Agrícola (DEA) do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Zulmira Áurea Cruz Bomfim, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e estágio pós-doutoral em Psicologia pela Universidade da Coruña. Mestre em Psicologia pela Universidade de Brasília. Especialista em Análisis y Intervención Social y Ambiental pela Universidade de Barcelona. Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará. Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará, desenvolvendo pesquisas na linha de vulnerabilidade social e processos psicossociais. Atua nas áreas de Psicologia, com ênfase em Psicologia Ambiental e Psicologia Social. Coordena o Laboratório de Pesquisa em Psicologia Ambiental- LOCUS-UFC.

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Publicado

2025-05-22

Como Citar

Martins , C. M. da S. S. ., Lima, F. A. X., & Bomfim, Z. Áurea C. . (2025). A política nacional de agroecologia e produção orgânica e sua execução em três tempos. Interações (Campo Grande), 26, e26124375. https://doi.org/10.20435/inter.v26i1.4375